ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

AMO O QUE FAÇO. A POLÍCIA É MINHA AMANTE


Veterano em ação na polícia. Osvaldim Suhet trabalha há 23 anos na Polícia Civil - Priscilla Souza- EXTRA, CASOS DE POLÍCIA, 06/02/201

Ele é chamado carinhosamente de “Velhinho” pelos colegas, mas sua disposição impressiona a todos. Aos 53 anos, o policial civil Osvaldim Suhet Reis contabiliza 23 anos de carreira e coleciona histórias. Na terça-feira passada, às 5h, ele já estava preparado — junto com a equipe da 21 DP (Bonsucesso) — para a operação que terminou na prisão de 18 integrantes de uma facção criminosa que tenta há cerca de um ano tomar os pontos de venda de droga do Morro da Serrinha, em Madureira.

No front, ele não deixa a desejar comparado aos colegas mais novos.

— Em troca de tiros, ele não corre. Já até me emprestou carregador. A gente se surpreendeu muito — afirmou o investigador Ricardo Rodrigues, que trabalha com Suhet há um ano e meio.

Em novembro do ano passado, Suhet participou da operação de retomada do Complexo do Alemão: um momento marcante de sua carreira. Com lágrimas nos olhos, o policial — que já perdeu amigos em tiroteios no conjunto de favelas — diz que o mais importante foi ver o apoio da população:

— Os moradores nos receberam como salva-vidas. Nos ofereceram água, deram apoio. Nunca tinha visto isso antes em operação. Isso me deixou orgulhoso — relembra o veterano.

Sete tiros em emboscada na Av. Brasil

A memória de Suhet não falha ao lembrar da primeira vez em que foi atingido por um tiro: foi numa operação na favela de Manguinhos. Mas foi numa emboscada que ele quase morreu em 1999: foi atingido por sete tiros na Avenida Brasil.

Osvaldim Suhet diz que a polícia mudou muito desde o início de sua carreira. Segundo ele, atualmente, os policiais têm melhores condições de trabalho. Mas essa não foi a única mudança nesses 23 anos. Pai de dois filhos — um de 26 e outro de 19 anos — e prestes a ser avô, ele também mudou:

— Antes, quando chegava numa favela, eu era o primeiro a desembarcar da viatura. A idade chega e a gente fica mais cauteloso. Eu quero ver minha neta nascer.

Há oito anos sem férias, ele nem pensa em aposentadoria, porque ainda quer realizar um sonho. Suhet espera ver o filho mais novo seguir seus passos: entrar para a Polícia Civil.

Com bom humor, o policial conquistou o respeito e o carinho da equipe.

— Eu brinco com todo mundo, desde a faxineira até o delegado. A gente tem que levar a vida — disse.

Para os iniciantes, Osvaldim Suhet conta o segredo para trabalhar por tantos anos com a mesma admirável empolgação:

Amo o que faço. A polícia é minha amante. Sem ela, eu não seria nada.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA
- Se todo agente público tivesse esta empolgação, o Brasil teria muito mais policiais comprometidos, excelentes promotores, juizes extremamente sábios, defensores diligentes, guardas prisionais mais humanos e políticos dedicados às questões relevantes como saúde, educação e segurança.

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