ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

MUDA O COMANDANTE, MUDA O JEITO DE POLICIAR


PORTO ALEGRE, BAIRRO FLORESTA - Bairro heterogêneo aumenta problemas - GUSTAVO AZEVEDO, Zero Hora, 15/02/2011

O comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar, major Lúcio Alex Ruzicki, salientou que a ação da BM deverá ser realizada em conjunto com outros órgãos para surtir efeitos. Ele criticou a má iluminação da região. Solicitou também que bares sejam fiscalizados. Uma equipe da prefeitura anunciou ontem que iria fazer um levantamento das áreas com necessidade de poda e de reforço na iluminação.

A cúpula da BM chegou a se reunir ontem para tentar diminuir o impacto dos dois assassinatos.

– Não existe um plano de segurança. A cada mudança de comandante, muda o jeito de policiar. Cada vez que ocorre alguma coisa, prometem mudanças, mas nada acontece. Estou há 10 anos ouvindo isso e nada – lamenta o presidente da Associação Cristóvão Colombo, Beto Rigotti.

As peculiaridades da região potencializam os problemas tanto para moradores quanto para policiais. De uma quadra para outra o lugar se transforma. Ao andar da Avenida Cristóvão Colombo para a Farrapos, o cenário sai do comércio tradicional e residências de classe média para casas velhas, bares e inferninhos.

– É um bairro muito heterogêneo. Nós vamos mudar a nossa atuação porque a sensação de segurança foi quebrada. Precisamos responder imediatamente – prometeu Ruzicki.

Após duas mortes, BM muda estratégia para vigiar Floresta

Desde ontem, policiais passaram a agir de uma forma mais ostensiva na região marcada por crimes

Depois de duas mortes violentas num período de 24 horas na semana passada, a Brigada Militar resolveu reagir para tentar melhorar o policiamento do bairro Floresta, na Capital. Amedrontados, moradores e comerciantes lamentam que a resposta policial ocorra só após a ação dos criminosos.

O efetivo, segundo o comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar, major Lúcio Alex Ruzicki, é suficiente para dar conta do desafio. Mas, desde ontem, os cerca de 50 PMs que atuam na região executam uma estratégia mais ostensiva. Próximo ao local dos dois crimes – na Cristóvão Colombo com a Rua Ernesto Alves, onde um empresário foi morto, e na Cristóvão com a Rua Santo Antônio, local em que um comerciante foi assassinado –, a reportagem avistou quatro policiais a pé no meio da tarde.

À noite, as viaturas (motos e carros), com reforço do Batalhão de Operações Especiais (BOE), rodaram com luminoso ligado pela região e executaram barreiras surpresas. Antes dos crimes, os PMs só patrulhavam nos locais onde há maiores índices de problemas, seguindo os dados do sistema de georreferenciamento, que mapeia as ocorrências.

– Os índices de criminalidade caíram na comparação com o ano passado. Durante todo o ano passado, tivemos uma morte na região – ressalta o major.




COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O desabafo do Beto Rigotti, presidente da Associação Cristóvão Colombo, mostra a impotência e o descrédito na atuação da Brigada Militar. O Sr. Rigotti é o presidente de honra e quase eterno justamente pelo tamanho de seu envolvimento e comprometimento com este bairro tradicional de Porto Alegre. Ele toca numa das mazelas mais críticas da corporação quando seus oficiais não seguem as estratégias de aproximação e a filosofia do policiamento comunitário. Aliás, estas estratégias e filosofia não passam de retórica, pois há uma rotatividade de pessoal e a priorização no patrulhamento motorizado que afastam qualquer chance de comprometimento e presença real dos policiais nos postos de policiamento. Os planos de segurança são pontuais e " a cada mudança de comandante, muda o jeito de policiar". Por este motivo "cada vez que ocorre alguma coisa, prometem mudanças, mas nada acontece", e as lideranças comunitárias perdem a confiança e a motivação, pois não aguentam "10 anos ouvindo" a mesma retórica, as mesmas promessas e as mesmas garantias que permanecem por pouco tempo e somem do nada. Além disto, a Brigada Militar transformou suas viaturas ostensivas passando para cores discretas e ampliou as dimensões do posto de policiamento, reduzindo a permanência e aumentando a mobilidade. Sem falar que o CIOSP pode utilizar estas viaturas para atendimento de ocorrências, tirando-as do posto e limites designados.

E não estou criticando apenas o policiamento em Porto Alegre, pois estes óbices ocorrem em todas as unidades operacinais. No meu tempo da ativa, também tive problemas sérios para fixar o polciamento comunitário nas cidades onde trabalhei. É que esta filosofia precisa de permanência, motivação, comprometimento e confiança mútua, e principalmente de oficiais e graduados voluntariosos para liderar as unidades de policiamento comunitário e se dedicar à comunidade local.

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